Projeto: Salto a Melgaço do Marajó, entre o Minho e o Amazonas.
Coordenação: Denise Cardoso, José Ribeiro e Alessandro Campos.
Equipe: Maria Alice Carvalho, Michel Ribeiro,Ana Lídia Nauar, Lorena Costa, Priscila Britto, Sofia Carvalho, Fernanda Campos, Marcio Crux, Netto Dugon e Mauro Castro.


Inspirados em Jean Rouch, buscamos utilizar uma etnografia baseada na interlocução participativa e reflexiva para conhecer Melgaço do Marajó, no estado do Pará. O projeto tem por objetivo aproximar as duas cidades irmãs: Melgaço do Minho (Portugal) e Melgaço do arquipélago marajoara (Brasil) a partir de Mostras de Cinema e oficinas de audiovisual participativas com crianças e jovens. Por meio da fotografia falada e conversas informais, a participação deles nestas oficinas proporcionou momentos lúdicos de aprendizagem que foram apresentadas no Festival de Filmes do Homem, durante o Curso de Verão (2018/2019).
Desdobramentos profundos aconteceram a partir destas experiências e encontros.
As atividades desenvolvidas com jovens, crianças moradores do município de Melgaço, na região do arquipélago do Marajó, foram realizadas em dois momentos pelo Grupo de Estudos sobre Antropologia Visual e da Imagem (VISAGEM) em parceria com o professor José da Silva Ribeiro (UAb-PT e UFG). Incialmente programaram-se atividades de oficinas de audiovisual para aproximações entre as cidades homônimas de Melgaço do Marajó, na Amazônia brasileira, e Melgaço do Minho, em Portugal.
A oportunidade de trabalhar em parceria com o prof. José da Silva Ribeiro com projeto de Antropologia Visual, no município de Melgaço (Arquipélago do Marajó) despontou a partir de sua vinda a Belém do Pará para atuar como colaborador na disciplina Antropologia Visual, em 2016, no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) da Universidade Federal do Pará (UFPA).
A aproximação com este município foi iniciado em 2017, quando o Grupo de pesquisa Visagem (PPGSA) apresentou sua proposta inicial em evento na cidade de Melgaço (Portugal), cuja temática incide sobre produção fílmica.
As primeiras expedições a Melgaço do Marajó
Em 2017 e 2018 realizamos pesquisa de campo em Melgaço, no estado do Pará, buscando as “teias das cidades invisíveis” indicadas por Ítalo Calvino (1972) por considerar que as cidades são construções feitas a partir da memória que cada um lhes dá valor e significado.
Estes dois lugares distantes espacialmente, mas com aproximações outras, nem sempre visíveis pela observação espontânea, guardam elementos comuns interessantes sob o ponto de vista das Ciências Sociais e Ciências das Artes, dentre outras.
A aproximação acadêmica entre pesquisadores e pesquisadoras de Portugal e do Brasil, além do envolvimento de outras instituições – e com apoio da Prefeitura Municipal de Melgaço que acolheu o Projeto desde o início – e sobretudo de pessoas, provocou a produção de pequenos vídeos e uma parceria mais incisiva em Melgaço do Marajó, com vistas ao aprofundamento de práticas colaborativas no campo da Antropologia Visual, tendo como inspiração a obra de Jean Rouch.
Por certo, a vivência de quem mora nesta cidade do arquipélago do Marajó foi um elemento enriquecedor nas trocas de saberes que envolvem tanto as práticas da etnografia da Antropologia Visual (Campos, 1999), quanto aqueles que se referem às tramas da memória coletiva deste lugar. Neste aspecto da memória coletiva foi inspiradora a contribuição de Maurice Halbwachs (2003) sobre o tema.
Compreender aspectos da identidade local, a partir da inserção em campo, utilizando-se de técnicas de fotografia e produção fílmica e outras expressões de artes visuais, facilita sobremaneira a participação e expressão em diferentes linguagens. Neste sentido, propomos ações (principalmente oficinas) voltadas para os usos de aparatos tecnológicos para a produção audiovisual em Melgaço do Marajó.
A expedição de 2019: Oficina Audiovisual e a Mostra de Cinema Juvenil
Em janeiro de 2019 realizamos as oficinas de produção audiovisual e a Mostra de Cinema Juvenil que aconteceu durante esta expedição. Foi uma experiência inovadora e instigante para a população local e para toda equipe, possibilitando atividades de pesquisa de campo e aquelas consideradas como extensão da universidade, ou seja, as oficinas de audiovisual, dentre outras.
Nesta etapa do projeto contamos com a participação de membros da Universidade Federal do Pará, Universidade Federal de Goiás e da Associação AO NORTE, além da Fundação Cultural do Pará, totalizando cerca de onze pessoas na Expedição de 2019, pudemos contar desde o início com o apoio da Prefeitura Municipal de Melgaço com a Prefeitura de Melgaço.
Foram realizadas as oficinas de fotografia e cinema infantil e juvenil, juntamente com a Mostra de Cinema Juvenil de Melgaço, onde foram produzidos curtas-metragens dirigidos, filmados e/ou roteirizados pelas próprias crianças e jovens participantes das oficinas. Também foram produzidas duas biografias visuais: a de Dona Maria, parteira de Melgaço, e de Miguel Cassiano, professor de matemática na cidade e nas regiões ribeirinhas do entorno. Além disso, uma produção documental com jovens mulheres de Melgaço participantes de um time de futsal e uma biografia de uma jovem estudante ribeirinha Clarice, ambos estão em processo de edição e montagem.
Ao fim da realização do evento, graças às oficinas de cinema e fotografia, foram produzidos cinco curtas realizados pelas crianças e jovens, sendo eles protagonistas, diretores, roteiristas e produtores destes. No último dia, esses curtas foram exibidos para o público na Câmera dos Vereadores da Cidade, juntamente com teasers das biografias, que estão em processo de montagem.
Por certo, a equipe interdisciplinar, com vasta experiência em pesquisa de campo com jovens, práticas colaborativas, exercícios etnográficos com imagens, participação em projetos de ensino e extensão voltados para estudantes de ensino Médio e Superior, além das produções voltadas para incorporação e valorização de diferentes epistemologias, contribuíram para o alcance de objetivos e metas propostos.
Desse modo, consideramos relevante destacar que este projeto possibilita o reconhecimento dos saberes locais na academia; ao buscar o diálogo entre os saberes locais e os saberes da academia a partir do envolvimento da sociedade (indivíduos, grupos comunidades) na resolução de seus problemas e nos processos de mudança.
A formação de antropólogos, cientistas sociais, cineastas e artistas; a produção científica, artística e cultural; a fundamentação epistemológica, ética e estética destas práticas; a passagem de Racionalidade Instrumental à Racionalidade dos Valores também são importantes elementos que fazem exitoso este projeto de práticas audiovisuais colaborativas com jovens e crianças de Melgaço. Como projeto em rede e de pesquisa participativa buscamos aproximações com os interesses locais, dos atores sociais e populações envolvidas, dos grupos de pesquisa, dos programas acadêmicos. O projeto prossegue, e em 2020 teremos outra ida a campo. Avante!
Salto a Melgaço do Marajó, entre o Minho e o Amazonas
Curtas-metragens produzidos na oficina de audiovisual durante a Mostra de Cinema Juvenil de Melgaço – Marajó
PRAIA DO JAMBRE
LIÇÃO DE MARESIA
O QUE MAIS GOSTO EM MELGAÇO
NA LAMA
UM MUNDO FELIZ





